CASA ANTIGA
Há , na volta do caminho, uma lomba e, bem no topo, uma casa. Portas e janelas permanecem fechadas pelas mãos de seu último morador. Atrás de cada uma, alguém muito antigo espia.
Quem lacrou aquelas aberturas para a vida que , sonolenta, escorre pelo capim do jardim desaparecido? Quantos peixes--pescados por mãos pequeninas, no lago abaixo da janela do quarto-- passaram pela frigideira, no fogão à lenha?
Percebo olhares de seus habitantes perenes, encostados ao umbral da porta cinzenta , enquanto crianças, regressas de sequências de ontem, espiam, sem olhos, os que passam ao largo.
Silêncio: essas portas e janelas contam histórias para quem sabe ouvi-las.