terça-feira, 30 de junho de 2015

CASA ANTIGA

Há , na volta do caminho, uma lomba e, bem no topo, uma casa. Portas e janelas permanecem fechadas pelas mãos de seu último morador. Atrás de cada uma, alguém  muito antigo espia.
Quem lacrou aquelas aberturas para a vida que , sonolenta, escorre pelo capim  do jardim desaparecido? Quantos peixes--pescados por mãos pequeninas, no lago abaixo da janela do quarto-- passaram pela frigideira, no fogão à lenha?
Percebo olhares de seus habitantes perenes, encostados ao umbral da porta cinzenta , enquanto crianças, regressas de  sequências de ontem, espiam, sem olhos, os que passam ao largo.
Silêncio: essas portas e janelas contam histórias para quem sabe ouvi-las.


Quem nos olha, lá de cima, daquela janelinha do sótão?  O que aconteceu com a mocinha que ali viveu? E, quem sabe, ainda na cama despedaçada dorme... Vamos abrir essas portas e janelas e deixar que saiam e vivam em seus 'causos'.  Sempre se aprende muito da vida através de portas e janelas que abrimos , ou fechamos...